Flora Nakazone (1995) é escritora e psicanalista. Graduou-se em Midialogia pela Unicamp. Publicou o livro Escafa (Ed. Urutau), a plaquete Urna de Pólen em co-autoria com Isabela Sancho (Ed. Mormaço) e poemas em revistas. Realizou o curta-metragem Desvio (2020), menção honrosa na BIM – Bienal de Imagen en Movimiento (2022). Em 2024, se prepara para publicar o novo livro de poemas Longe e sal. Vive em Ribeirão Preto – SP.
Enquanto o sono não é um intervalo
E o rosto se desfaz em chuva
O amor é uma criatura sem horizontes.
Enquanto o corpo é um sonho diáfano
E no chão, não existam rastros
O amor é feito de olhos fechados.
Quando amei,
Eu estava sozinha e uma árvore ardia ao meu lado.
Dizer em silêncio seu nome sobre um campo de arroz.
Eu espero. Eu digo palavras nulas ao vento. Meu sonho é a respiração imóvel do medo.
Tu não morres. Sombra escorrendo escuro adentro. A respiração imóvel é um céu dentro de mim.
Eu deito-me sob o céu e envelheço sem ninguém me ver.
A praia é um céu desabado.
Desenho de Ariyoshi Kondo.